Longe do sol vejo dançando alegremente uma cortina,
Aproveito e despeço-me do que passou e continuo caminhando para todos os lados e direções.
O vento mais forte faz com que o tecido realize um vôo raso: suas margaridas e borboletas
parecem desejar saltar das tramas e linhas e ganhar o universo...
Eu sigo caminhando para lados que desconheço, sem pensar em mais nada.
Já é tardinha, o vento retira-se de perto da janela.
A cortina, suas borboletas e flores aterrizam pelas ondas da costura e repousam
delicadamente, como que cansando-se do movimento decidissem tirar um cochilinho...
Atravesso a rua, miro para a esquerda, longe de ser uma cortina, o que vejo é um tecido denso,
envelhecido e jogado num canto, com estampas borradas e apagadas, doentes de si mesmas, contemplando o nada e velando seu morrer de cores.
A energia é intensa. Solto o máximo de dióxido de carbono e mudo o caminho.
Volto-me para as borboletas. Volto-me para a tentação de não ceder à dor e ao esquecimento. Meus passos querem criar raízes no que é belo, efêmero e aparentemente inesgotável.
Embora sendo passos, e não raízes, sei que a própria sensação em si é volátil e os momentos simplesmente acontecem.
O que nos diferencia de uma cortina para uma vida em constante movimento?
Um passo do pé.
Vejo na sua poesia e especial nesta, vida! Vida e observações, coloridos e aqui acolá uns pontinhos pretos só pra contrariar. O só pra contrariar não é nome de banda, é a personalidade de você querida Dani que como as cortinas dança ao sabor dos ventos sem jamais se curvar.
ResponderExcluirVIVA VOCÊ! Pareço gritar?
Adorei seu grito, Enéas!!! Seus comentários me motivam e enriquecem ainda mais todo o contexto, porque tens um olhar apurado e inteligente. Agradeço teres esse olhar às palavrinhas tortas que faço e puxa, "vida" é um elogio querido demais, viu? Nem sei se mereço... :) Mas o aceito de bom grado, porque alimenta!
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