sábado, 27 de novembro de 2010

I´ll remember you




Acima, um vídeo do Elvis Presley, I´ll remember you, muito apropriado para minha narrativa. Se preferirem, ouçam-na  durante a leitura, a química parece encantadora. 

Narrativa para a nossaTabebuia pentaphylla -

Aquelas folhas pelo chão. 
Na primavera eram tantas flores, tantas flores que forravam a calçada. Um lindo e natural tapete rosa.
Era nossa.
A mais bonita da praça e para nós! Embora forte e bela não aceitaria dono.
Quem lhe escolhera o nascimento foram meus titios. E escolheram que nascesse perto de nós, à nossa vista e nos fizesse emocionar com a sua altura, seus braços e seus frutos.
Soube ontem pela titia que sua força, vista ali nos troncos, que abraçávamos para fazer fotos e, antes marcada com um coração, havia acabado. Num ímpeto emocionado cobri o rosto com uma almofadinha verde e, de repente, haviam desconstruído minhas esperanças. "Dani, eu ouvi falar, mas acho que não, Dandan". Como sempre o fizera, titia tentava me proteger, após tantos anos, da não aceitação da partida.  A praça não seria mais praça, seria uma clínica médica. E ele não poderia ficar ali. Espaço seu (e havia sido escolhido!).
As recordações ficaram em fila, enquanto eu cobria meu rosto, talvez, numa tentativa vã de proteger-me das ~; lembranças que viriam a seguir; lembranças de pessoas que se sentavam debaixo de sua sombra; tocavam suas raízes e organizavam a baguncinha das folhas. Vieram pessoas nessas imagens e, a força para sobreviver após isso, não sei de onde sairia.
O nosso Pé de Ipê, com carinho o chamo, mais uma vez, de nosso, se foi... Ele que havia até agora sobrevivido, o último de nós. Não quero lembrar do pé de limão também, carregadinho, e, de como, quando eu estava lá nas férias, participava do ritual de ajudá-la a colher os limões, varrer as folhas e organizar aquele espaço verde. Todos que estavam em casa, nesses momentos, estavam juntos, ali, diante do pé de Ipê.
Meu titio o pintou em tela. De alguma maneira, nessas cores, há mais vida do que alguém possa imaginar, a vida dele em meio às tintas, seus olhos contemplando e retratando o pé de Ipê, uma de suas últimas telas. E, agora, reina em minha casa, o pé de Ipê, meu, além de uma fotografia da realidade, é o retrato da realidade do meu tio defronte ao pé de Ipê; ambos vivem um pouco mais para mim.

*Quais são os frutos, os pés de ipê que você tem plantado? Quais são as telas em sua vida que tem criado? Quais serão as memórias que estarão na memória das pessoas com as quais você convive? Graças a Deus, pessoas muito amadas por mim, têm me deixado vários pés de Ipê e venho tentando engatinhar na continuação das memórias. Elas nunca vão embora. As deixamos mesmo depois de termos ido há pouco ou tanto tempo.

3 comentários:

  1. Dani,

    Vim aqui agradecer seu carinho no meu blog, e leio um texto tão lindo, que me fez voltar lá atrás no meu passado.
    Qdo eu morava no interior, eu morava em uma casa com um quintal cheio de frutas. Mas tinha uma primavera ali, que cobria o portão de casa, era tão lindo aquilo.Um dia nos mudamos de cidade, de casa, e eu senti muita saudade daquela primavera.
    Hoje, depois de muitossss anos, minha mãe mandou plantar uma primavera aqui, e é idêntica a que tinha na outra casa, mais linda até.
    Então, como você eu digo:

    Graças a Deus, pessoas muito amadas por mim, tem me deixado vários pés de Ipê ..

    Tão bom isso né Dani?

    Um beijo minha querida, um lindoooooo lugar aqui!

    Voltarei!

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  2. PS: Foto com o Rubem, foi de dar invejaaaaaaaaaaaaaaaaa rsrs.

    AMO tudo que ele escreve.

    Beijoooo

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  3. Dani... que lindo seu blog... ainda não o conhecia, mas adorei... bjos, Ka

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